Covid: Coronavac é eficaz em pessoas com HIV, conclui pesquisa da USP

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Um estudo científico realizado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) indica que a vacina Coronavac é capaz de proteger pessoas com HIV contra a Covid-19. O imunizante foi desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac, e é produzido pelo Instituto Butantan no Brasil.
A pesquisa mostrou que, quatro semanas após a segunda dose da vacina, a porcentagem de participantes com anticorpos neutralizantes foi alta tanto para o grupo com HIV quanto para indivíduos sem a doença. Nenhuma reação adversa séria foi relatada durante o estudo.
Entretanto, o vírus HIV pode destruir os linfócitos TCD4, que coordenam a resposta imune do organismo ao estimular outras células no combate a infecção provocada pelo coronavírus. Por isso, participantes com menor quantidade de células TCD4 tinham imunogenicidade (capacidade de provocar resposta imune) mais baixa contra o coronavírus.
De acordo com os autores do estudo, os resultados mostraram que a Coronavac tem eficácia robusta em pessoas vivendo com HIV após um regime de duas doses, mas as respostas de anticorpos nesta população são um pouco mais baixas do que em indivíduos não imunossuprimidos.
“Estratégias devem ser desenvolvidas para melhorar a imunogenicidade induzida por vacina entre as pessoas vivendo com HIV, especialmente no subgrupo com baixas contagens de células TCD4. Uma abordagem possível é usar uma dose de vacina de reforço ou mesmo administrar títulos de antígeno mais altos por dose de vacina”, sugerem os pesquisadores.
A pesquisa foi publicada na plataforma SSRN. Foram analisados dados de 215 soropositivos, na comparação com 296 sem imunossupressão conhecida. Todos os participantes receberam duas doses de CoronaVac com um intervalo de 28 dias.
Além disso, outro estudo já havia mostrado evidências de que a Coronavac é segura para pessoas vivendo com o vírus HIV quando totalmente imunizadas no esquema de duas doses. A pesquisa, realizada por cientistas chineses, indicou que pacientes deste grupo podem alcançar níveis de proteção similares às outras pessoas.