Tratamento de canal não é o pior procedimento dentário, diz pesquisa Pacientes revelam sentir a mesma quantidade de dor nos demais tratamentos odontológicos

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São Paulo – Existe uma crença popular de que a remoção de cáries, tratamento de canal, é o procedimento odontológico mais desagradável de todos, especialmente no quesito dor. No entanto, uma pesquisa realizada pela Escola de Odontologia de Adelaide, na Austrália, sugere que os pacientes não sofrem tanto como parece.

De acordo com Tallan Chew, estudante de pós-graduação da Escola e co-autora do estudo, pacientes que passaram pelos mais diversos tratamentos odontológicos avaliaram sua saúde bucal logo após o procedimento e dois anos mais tarde. Os resultados foram bastante similares.

“Informações sobre 1.096 pessoas australianas selecionadas aleatoriamente com idade entre 30-61 foram coletadas através de questionários, registros odontológicos e recibos de tratamento em 2009”, disse Chew, no estudo.

A saúde dos pacientes durante e após o pós-operatório do tratamento de canal foi comparada com a de outros procedimentos, como extração dentária, restauração de dentes, reparos simples e tratamento das gengivas. Milhões de tratamentos de canais radiculares são realizados globalmente por ano, sendo 22 milhões apenas nos Estados Unidos, o que pode ter um efeito positivo profundo na qualidade de vida dos pacientes.

Um tratamento de canal radicular repara e recupera um dente que está muito deteriorado ou infectado. Durante um procedimento de canal radicular, o nervo e a polpa dentária são removidos e o interior do dente é limpo e então, fechado. A grande maioria das pessoas associa o trabalho de recuperação do dente cariado ao desconforto e dor.

O professor Giampiero Rossi-Fedele, chefe da Endodontia em Adelaide. Dental School, da Universidade de Adelaide, também autor do estudo, relatou que existe uma curiosidade no assunto por parte da população. “Há um crescente interesse na profissão de dentista para entender melhor o efeito e impacto que os procedimentos, como o tratamento de canal, têm na qualidade de vida dos pacientes”, disse Rossi-Fedele.

De acordo com o professor, a pesquisa apresenta uma maior precisão em seus resultados por ter sido realizada com base na auto-avaliação dos pacientes que passaram pelos procedimentos citados acima. “Os resultados do tratamento relatados pelo paciente são agora a principal força motriz por trás das necessidades de tratamento, em oposição aos resultados do tratamento com base no clínico”, disse.