Grávidas e mulheres em período fértil de todo o Brasil criaram um grupo para protestar contra decisão do Ministério da Saúde. Segundo determinação do órgão, gestantes que tomaram a primeira dose da vacina AstraZeneca devem aguardar até o fim da gestação e o puerpério (45 dias após o parto) para completar o esquema vacinal contra a Covid-19.
A medida do Ministério da Saúde foi publicada após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orientar a suspensão temporária da aplicação da vacina da AstraZeneca em grávidas e puérperas no país. A retirada do imunizante para esse grupo ocorreu por precaução, após a morte de uma gestante no Rio de Janeiro. A mulher teve um caso raro de trombose.
Ela ressalta que a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) emitiu recomendação orientando gestantes e puérperas que receberam a primeira dose da vacina da AstraZeneca/Fiocruz a tomarem, preferencialmente, a segunda dose com a vacina da Pfizer/Biontech ou da Coronavac.
Rio de Janeiro e Ceará já aceitaram completar o ciclo com as vacinas diferentes em 12 semanas. Os estados aplicarão D2 da Pfizer em grávidas que receberam a D1 com a AstraZeneca.
Ciclo completo
O pedido é que a determinação seja atendida em todo o país. Ou que a D2 da AstraZeneca seja aplicada para as gestantes que não tiveram reação à D1.
Grávida de 36 semanas (9 meses), a moradora de Brasília Gabriela Guimarães tomaria a segunda dose da AstraZeneca neste mês de julho, mas, no entanto, não completará o ciclo de imunização antes do parto.
“O maior medo, com certeza, é da redução da eficácia. Todo dia a gente vê uma variante nova, grávidas morrendo com Covid. Sem a D2, não temos segurança por completo. A gente aceita tomar qualquer vacina, desde que complete o ciclo”, afirmou Gabriela.
Ela lembra que no Reino Unido, país de origem do imunizante Oxford/AstraZeneca, o governo recomenda que grávidas terminem a imunização com a vacina, caso não tenham apresentado efeitos colaterais graves.
O Departamento Britânico de Saúde, entretanto, também alerta para os riscos de coagulação sanguínea.
No DF
Embora Rio de Janeiro e Ceará tenham adotado o novo protocolo, após análise de grupos de especialistas e do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), outras unidades da Federação declararam seguir o determinado pelo Ministério da Saúde.
No DF, a Secretaria de Saúde informou, por meio de nota, que “segue o PNI, cuja orientação atual é que as gestantes vacinadas com AstraZeneca para D1 recebam D2 da mesma vacina somente após o puerpério”.
Janssen também suspensa
Em documento publicado na última sexta-feira (2/7), a Anvisa propôs suspender também a aplicação das vacinas da Janssen em grávidas. A recomendação é que as gestantes recebam a Coronavac ou o imunizante da Pfizer.
O órgão pede ainda que seja criado um sistema para identificar casos suspeitos da reação. Os sintomas mais comuns são falta de ar, dor no peito, inchaço ou dor nas pernas, dor abdominal persistente, dor de cabeça grave e persistente, visão turva, confusão, convulsões, manchas vermelhas no corpo, hematomas ou outras manifestações no local da injeção. Pacientes que apresentarem os sintomas devem procurar serviço médico.
No novo comunicado, a agência lembra da importância da vacinação e que os imunizantes citados são seguros e devem ser aplicados na população em geral. “A Anvisa reforça a relação benefício-risco favorável das vacinas contra Covid-19 autorizadas para uso no país, sendo essencial a continuidade da imunização da população”, diz o documento.
Recomendação
É indicado que as gestantes e as puérperas que já receberam a vacina da AstraZeneca/Oxford/Fiocruz procurem atendimento médico imediato se apresentarem, nos 4 a 28 dias seguintes à vacinação, algum destes sintomas:
- falta de ar;
- dor no peito;
- inchaço na perna;
- dor abdominal persistente;
- sintomas neurológicos, como dor de cabeça persistente e de forte intensidade, visão turva, dificuldade na fala ou sonolência;
- ou pequenas manchas avermelhadas na pele além do local em que foi aplicada a vacina.