Cientista ao comparar volta às aulas com Europa: “No Brasil será pior”

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O neurocientista Miguel Nicolelis voltou a alertar, neste domingo (30/1), sobre os riscos da retomada das aulas presenciais em escolas no atual momento de transmissão da variante Ômicron, a mais infecciosa do novo coronavírus.
Nicolelis comparou o ocorrido na Inglaterra, onde houve aumento nos casos da doença após os estudantes voltarem para as salas de aula. Lá, 5% do total de alunos foram, segundo ele, infectados durante apenas um dia.
“Mais de 450 mil crianças (5% de todos os alunos) faltaram às aulas [no dia 20 de janeiro] na Inglaterra. Mais de 3/4 destas por terem se infectado com Covid nas escolas. Em quase 1/4 das escolas, mais de15% dos professores não conseguiram ir trabalhar por estarem infectados por Covid. Cenário no Brasil será muito pior”, alertou.
Na última quarta-feira (26/1), o neurocientista já havia sinalizado preocupação com o retorno do calendário escolar presencial. Conhecido pelas previsões acertadas sobre a pandemia da Covid-19, o médico afirmou ser uma “enorme temeridade” permitir o retorno das aulas “no meio de uma onda que possui os maiores índices de transmissão”.
Lotação de UTIs
Para o Nicolelis, a estratégia que os governantes deveriam adotar é a de vacinar o maior número possível de crianças e retornar às aulas de forma gradual, exclusivamente para estudantes imunizados.
“Não há risco aceitável com crianças. Ninguém sabe como sequelas crônicas deixadas pela Ômicron podem afetar crianças infectadas. É um absurdo sem precedentes reabrir escolas. Com transmissão muito menor na primeira onda, elas foram fechadas. Qual a lógica de permitir sua reabertura agora?”, criticou.
O cientista também relembrou sobre a alta ocupação das unidades de terapia intensiva no país e na capital federal.
“Com UTIs pediátricas lotadas em todo mundo e no Brasil, é um risco inaceitável devolver milhões de crianças e jovens às escolas que não têm estrutura, nem preparo, nem treinamento para manter normas de segurança. Vacinem as crianças e abram escolas paulatinamente com os vacinados”, reforçou.
Nicolelis prevê que a nova onda causada pela variante Ômicron pode durar até daqui a três semanas.
“Discordo frontalmente da posição de que os riscos do retorno as aulas são aceitáveis. Eles não são. Se eu tivesse filhos em idade escolar, eles ficariam em casa pelas próximas 2 ou 3 semanas, até que a onda da Ômicron terminasse e eles estivessem vacinados”, escreveu no Twitter.