“Nada disso é novo para a Odontologia”, diz professor sobre pandemia

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Procedimento odontológico durante pandemia [Reprodução/NAVAL SURFACE WARRIORS Flickr]

Em live do Colgate Talks, em parceria com a Laoha (Associação de Saúde Bucal da América Latina), o Prof. Dr. Giuseppe Romito afirma que os novos protocolos de biossegurança contra covid-19 “não são novidade” para a Odontologia. No encontro, ele e outros três professores da Faculdade de Odontologia da USP explicam as mudanças que dentistas e pacientes têm enfrentado na pandemia do novo coronavírus.

Durante a apresentação, exibida no YouTube, os acadêmicos utilizaram um compilado de manuais estadunidenses e europeus, além de conteúdo da “literatura científica”, para montar um protocolo de atuação durante a crise sanitária atual.

“Nada do que está acontecendo é novo para a Odontologia”

O primeiro passo para o professor Giuseppe Romito é esclarecer que o objetivo dos protocolos é manter tanto profissionais quanto pacientes em segurança, ainda que “maior possibilidade de contaminação seja do dentista e da equipe auxiliar”.

Ele relata, no entanto, que essas medidas não são novidade para a área: “Odontologia sempre conviveu com infecção no seu dia a dia, seja vírus ou bactéria. A área se preza por seus protocolos de biossegurança (desde o surgimento do HIV). Nada do que está acontecendo é novo para a Odontologia.”

 

Antes da consulta

A partir de um esquema que ilustra os consultórios brasileiros, Romito explica que o primeiro passo acontece ainda antes da consulta, com o paciente respondendo um questionário online.

 

Nele, o objetivo é saber se o paciente “está em condições de chegar ao consultório”, sem risco de transmitir a covid-19. “Esse não é um diagnóstico, mas um adiamento da consulta, especialmente pela existência de assintomáticos”, explica o acadêmico.

Caso a consulta seja marcada, a pessoa deve vir desacompanhada ao consultório, se possível e com pontualidade.

Já no preparo da equipe, a Profa. Dra. Cristina Villar ressalta que todos devem responder um questionário semelhante ao do paciente. Outros dos cuidados necessários são, em ordem:

  1. Desinfectar os sapatos com tapete desinfetante ou spray próprio;
  2. Não usar acessórios (brincos, relógios, anéis, etc);
  3. Testar temperatura com termômetro infravermelho;
  4. Desinfectar celulares, bolsas, carteiras e demais pertences pessoais;
  5. Lavagem das mãos;
  6. Descartar ou retirar máscara que estiver usando;
  7. Lavar novamente as mãos e o rosto

Antes da vinda do paciente, todo o consultório deve ser higienizado com água, sabão e desinfetantes, incluindo sala de espera, sanitários, sala de atendimento, chão, mobiliário e superfícies no geral, como conta Villar.

Já na chegada, a recepcionista deve receber o paciente sem contato físico, “bem diferente do que era comum anteriormente, com abraços ou pelo menos um aperto de mão”. Nesse contexto, o passo a passo da pessoa que será atendida é parecido com o da equipe:

  1. Higienizar os sapatos;
  2. Desinfectar pertences pessoais ou guardá-los em um armário ou sacola;
  3. Checar as respostas do questionário (ver se nada mudou entre a marcação da consulta e a ida ao consultório);
  4. Testar temperatura com termômetro infravermelho
  5. Lavar as mãos e o rosto;
  6. Trocar a máscara que veio de casa por uma nova. Não encostar no rosto nem em objetos pessoais após a lavagem das mãos;
  7. Manter distanciamento social

Villar avisa que a clínica não deve oferecer qualquer item que possa ser manuseado pelo paciente, mas sim álcool em gel e lenços de papel, com lixeira para descarte dos lenços contaminados.

A consulta

Na consulta, a Profa. Dra. Luciana Saraiva alerta que funcionários devem usar pro-pés, avental que vá até a altura da canela, touca descartável, máscara, luvas, óculos de proteção e face-shield.

Todos estes EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) têm de ser utilizados durante todo o período em que a equipe estiver no ambiente clínico. Enquanto não acabar o procedimento, todos devem manter-se paramentados.

Outros cuidados são os de guardar o máximo de coisas possível, proteger os objetos com barreiras físicas descartáveis, que devem ser trocadas após cada consulta, e adotar instrumentos com pontas descartáveis.

“Sem beijinho e sem abraço” é outra recomendação de Saraiva, que desaconselha contato físico entre paciente e funcionários além do necessário, apenas verbal.

No cômodo, o paciente também deve usar equipamento parecido: pro-pé, óculos de proteção, avental de mangas longas, além de entregar sua máscara para o assistente, que a guardará durante a consulta.

Instantes finais

Por fim, restam três alertas, informados pelo professor Cláudio Pannuti: o primeiro é de que o momento da retirada dos equipamentos é o mais crítico para os profissionais de saúde; o segundo é a necessidade da total descontaminação de superfícies após a consulta; e, finalmente, é que com todos os protocolos, o tempo entre um paciente e outro torna-se maior do que antes da pandemia, o que possibilita menos atendimentos no dia.